Hwarang: Um drama milenarmente atual
Por: Anna Paula Dechechi
Diretor (a): Yoon Sung Shik e Kim Young Jo
Roteirista: Park Eun-yeong
Gênero: Drama Histórico
Episódios: 20 (duram aproximadamente uma hora cada)
Data de transmissão: 19/12/16–21/02/17
Canal onde foi transmitido: KBS2
Onde assistir: www.viki.com
Em um desses dias tediosos que fazem parte das férias de julho, estava eu assistindo um vídeo que contava a experiência de um youtuber com dramas/filmes coreanos, quando, ao deslizar meu dedo sobre a tela do celular a fim de ver os comentários a respeito desse vídeo me deparei com várias indicações sobre o drama Hwarang. Eu acredito na tese de que se algo é muito mencionado, então deve ser no mínimo, interessante. Por isso, resolvi pesquisar melhor sobre ele para ver se ele me encantaria.
Durante minha “investigação”, descobri que Hwarang se trata de um gênero histórico e isso foi o primeiro fato que me motivou a assisti-lo. Eu já havia tido uma experiência ruim com o drama histórico “My Only Love Song” (disponível na ou no Netflix) e estava buscando por um drama desse tipo que realmente me cativasse. Então, vi em Hwarang a oportunidade perfeita. Eu adoro filmes/livros/séries/novelas que abordam o passado, sendo assim, eu realmente estava ansiosa em busca de algum drama que pudesse me remeter,ao menos um pouquinho, a cultura milenar do Oriente.
Então, hora de apresentar um pouquinho de Hwarang. (Atenção: pode conter spoilers.)
Hwarang se passa há 1500 anos e conta a história de um jovem sem nome conhecido como Cão-Passáro que vive além dos muros da capital de Silla, um dos Três Reinos da Coreia, juntamente de seu amigo Mak Moon. O sonho de Mak Moon é reencontrar seu pai, chamado de Mestre Ahnji, e sua irmã Aro que vivem dentro da capital. Para isso acontecer, ele e seu amigo planejaram escalar os muros que cercam Silla e assim promover o tão esperado encontro. Contudo, como vocês já podem imaginar, um grande infortúnio se fez surgir e o que aconteceu foi que o Cão-Pássaro passou a assumir a identidade do Mak Moon a pedido do pai desse.
Em paralelo a essa situação, temos a Rainha Jiso de Silla que ocupa o trono real no lugar de seu filho sob o pretexto de que ele é debilitado. Ela está cercada de pessoas que querem o poder a todo o custo e justamente por isso faz o possível e o impossível para manter sua posição e garantir o poder para sua família. O caminho dela se cruza com o do Cão-Pássaro, quando, em uma jogada que mais parece uma pegadinha do destino, ela funda o Hwarang: um grupo formado pelos jovens mais nobres de Silla que possuem a função de defender o trono real.
A partir do momento em que o Cão-Pássaro chega à Silla e que a rainha anuncia a criação do Hwarang, vemos a sede de poder, o amor, a lealdade e até mesmo a tragedia pairar densamente sobre os personagens do drama, nos fazendo sentir um misto de emoções.
Olha gente, para ser bem sincera eu ainda não entendi muito bem o que eu sinto em relação à Hwarang. Tiveram vários detalhes que me incomodaram (o que é surpreendente, considerando que eu sou muito iludida para criticar alguma produção audiovisual) e eu só consegui captar o espírito da história no episódio 10 (ou seja, eu precisei de muita determinação para assistir esse drama). Contudo, tiveram situações que me fizeram ficar presa na história e pedir por mais, mais e mais. Então, por causa desse meu conflito interno e porque eu quero compartilhar minhas impressões com vocês (não quero influenciar ninguém, só avisando) vou listar tanto pontos que me incomodaram nesse drama quanto pontos que me fizeram fascinar por ele.
Pontos Negativos:
- Apesar de ser um drama histórico, em vários momentos o que eu senti foi que eles simplesmente adaptaram a modernidade para um período antigo. Tem uma cena, logo no início, em que os futuros membros do Hwarang se encontram em uma “taberna”. Até aí, sem problema algum. A questão é que esse lugar se parece muito mais com alguma balada ou uma matinê temática, do que com um local frequentado por jovens que viveram a milhares de anos (não que eu saiba como eram esses locais, mas eu tenho quase certeza que não eram assim). Além do mais, em um dos episódios, a missão deles é entreter o povo com música e dança. Qual a chance de guerreiros/soldados/militares perderem o tempo deles de preparo para ensaiarem passinhos de dança?
2) Eu sou uma pessoa que não possuí uma capacidade desenvolvida de decorar rostos e muito menos nomes. E isso foi um fator que prejudicou minha ligação com Hwarang. A história foca no Cão- Pássaro e em mais outros cinco jovens que vão aparecendo e revelando suas histórias conforme o passar da trama. O problema está no fato de que eles usam perucas iguais (muito feias, por sinal), roupas iguais e para mim possuíam o mesmo tipo de rosto ( o engraçado é que tem no youtube um vídeo de um especial que mostra os seis atores que interpretaram esses jovens e eles são muito diferentes). Conclusão: foi difícil para mim saber quem era quem e várias as vezes eu me perdi na história de cada um desses personagens por causa disso.
3) Vai parecer bizarro o que eu vou dizer e provavelmente é, mas um detalhe que me frustrou muito foi o par de sobrancelhas da Rainha Mãe Jiso( Kim Ji-soo) . Elas eram muito curtas e pareciam que eram compostas mais por tinta do que por pelo (nada contra quem opta por isso, mas na construção física dos personagens elas ficaram muito esquisitas). O incomodo foi tão grande que em várias cenas que essa personagem apareciam eu só conseguia encarar seu o par de sobrancelhas.
4) O treinador dos Hwarang se chama Wee Hwa Gong ( Sung Dong-il) e era um prisioneiro (pelo o que eu entendi)que foi mandado pela rainha para preparar os meninos. Ele, sem a menor dúvida, é um dos melhores personagens de Hwarang. Contudo, na época em que estava assistindo, não suportava as risadinhas que ele dava no final de cada frase que dizia. Uma coisa é usar a risada para causar um determinado efeito. Agora, usá-la no final de quase todas as falas, para mim, é um sinal de “tic nervoso” (igual aquele que faz com que as pessoas pisquem muito).
5) Uma coisa que quase me fez desistir de Hwarang foi a lentidão com que o drama trabalhou para que os meninos entrassem em ação de verdade ( não em uma partida de futebol, mas em missões). Demorou dez episódios para que as coisas se tornassem realmente interessantes a ponto de me fazer questionar se ele realmente valeria ser assistido. Se eu perdoo essa demora? Não sei.
6) A penúltima coisa que mais me incomodou foi a sinopse de Hwarang que dá muitos spoilers. Se a ler com atenção, vários desfechos já podem ser antecipados e decifrados. Apesar de o drama ter sido gravado todo antes da estréia dele, eu acho que a equipe de produção poderia ter tomado mais cuido com ela.
7) A última coisa (eu acho) que foi o fato de que Hwarang é pré produzido. Isso significa que, antes mesmo de ele ter ido ao ar, todos os episódios já haviam sido filmados. Normalmente, a gravação dos dramas e novelas, pelo menos alguma parte dela, acontece quando os episódios já estão sendo transmitidos para o público. Isso ajuda a equipe de produção a ter um controle sobre o que está rendendo na trama ou não e até mesmo a permite modificar alguma parte do enredo para agradar ou surpreender o público. Eu realmente acredito que se Hwarang não tivesse sido pré produzido, ele atrairia mais público.
Pontos Positivos
Apesar de haver muitos defeitos, Hwarang teve acertos maravilhosos que realmente me provocaram a duvida sobre o que eu senti em relação a ele. Aqui em baixo, vocês encontram os motivos (em minha opinião) que fizeram uma parte de mim amar esse drama.
- O que me comoveu logo nos primeiros episódios de Hwarang foi a amizade do Cão- Pássaro e do Mak Moon. Que coisa rara e linda! Assim como eu, o Mak Moon era um tantinho atrapalhado e quem vivia o ajudando era o Cão-Pássaro (eu me identifiquei, porque eu tenho amigas que estão sempre me ajudando a achar coisas, a pegar os objetos que eu deixo cair…). Eu realmente gostaria de ter visto mais de perto essa relação dos dois e principalmente que o Mak Moon tivesse tido a oportunidade de voltar para sua família.
2) Todo drama tem o personagem que aos poucos vai ganhando um espaço no nosso coração. No meu caso, em relação à Hwarang, o personagem que mais me cativou, depois do Mak Moon foi o Han-sung(o personagem do V, do BTS). A principio, ele não aparecia muito ( eu até cheguei a me perguntar se o V relamente foi contratado para o drama.). Contudo, quando seu irmão passa a ser um dos discípulos dos membros do Hwarang, nós podemos se aprofundar em sua história. Eu não posso dar muitas informações, mas eu devo dizer que eu chorei horrores por causa de sua relação com sua família e com os outros membros do Hwarang. Sem a menor dúvida, um dos personagens mais fofos que eu já conheci!
3) Outro ponto que eu acho que merece mus parabéns é o papel da rainha e a falta de maniqueísmo que o acompanha. Em vários momentos do drama eu mudava minha opinião a respeito das atitudes dela (uma hora ela era uma b#tch e em outra ela era uma mulher apaixonada demais). O fato é que por lidar com o poder máximo, ela precisa enfrentar adversários e muitas vezes bolar planos infalíveis (mas que funcionam, diferentemente dos do Cebolinha) para impedir que o poder seja tomado de sua mão. O problema é que, além de ela usar quase todos os artifícios que possui, ela também brinca com a vida do povo e de todos que estão a sua volta de uma maneira muito cruel. Ela é uma personagem muito intrigante e que eu achei que fez mérito ao que significa ter o poder.
4) Como não poderia deixar de ser, há muito romance nesse drama e isso foi algo que me deixou feliz (tudo bem que as vezes eu achei que seria melhor focar um pouco mais na ação do que no romance, mas nós relevamos). O casal principal, que eu não vou dizer quem é, surpreendentemente tem uma química incrível. Às vezes eles me irritavam um pouco devido ao relacionamento ioiô que mantiveram, mas eu relevei. Além disso, tem mais duas histórias de amor que valem à pena ser notadas: a da rainha e a de um dos hwarang.
5) Por Hwarang mostrar um pouco do cotidiano de jovens que lutam em prol da realeza e até mesmo do povo, o drama possuí muitas cenas de ação. Ao ler a sinopse eu fiquei em dúvida sobre como seriam essas cenas e se eu as acharia boas ou ruins. Eu sempre achei muito tosco as cenas de ação do tipo “Velozes e Furiosos” e depois de ter assistido Descendents of the Sun meus critérios sobre esse tipo de cena subiram um “bocadinho”. Surpreendentemente, Hwarang produziu cenas de ação muito bem feitas e que não eram forçadas. Isso me fez pensar que por um lado foi bom a série ter sido pré-produzida.
6) Como em quase todo drama, sempre há uma mocinha que chama a atenção e é super gente boa. No caso de Hwarang, esse papel coube a Ah-ro ( Go Ara). Na trama, essa personagem é a irmã biológica do Mak Moon, como dito anteriormente, ama “dinheiro” ( não é bem isso que o pessoal de Silla usa para trocar mercadorias, maaas…) e adora contar histórias. Eu me identifiquei muito com ela porque eu tenho certeza de que se essa personagem existisse na nossa vida real, ela provavelmente estaria cursando jornalismo,letras ou seria uma blogueira que dá dica de livros e os escreve( ou seja, seria uma pessoa que provavelmente eu gostaria de conhecer). Ao longo do enredo ela cativa a todos não só por criar e contar histórias de amor inéditas, mas também por ser muito determinada e forte. Para completar, ela acaba se tornando mais um dos artifícios da rainha…
Na minha resenha anterior (que é a de Oh my Venus), eu sugeri uma pauta jornalística com base no drama. No caso de Hwarang, se eu tivesse que produzir uma reportagem relacionada a esse drama, provavelmente eu teria como pauta “ a pesquisa teórica que há por trás de produções históricas”. Eu acredito que seria muito interessante conversar com autores (as), produtores (as), atores/atrizes, cenografistas para saber um pouco mais sobre como é criar uma obra tendo como base o passado, quais os desafios disso, quais referencias teóricas eles usaram e assim por diante.
Como vocês podem ter percebido, minha relação com esse drama, diferentemente do que aconteceu com “Oh My Venus”, é contraditória e quase beira ao amor e ódio. Já faz um tempinho que eu o assisti e ainda não sei o que sinto sobre ela porque eu vejo pontos muito bons e muito ruins (talvez seja o caso de eu assistir novamente). Por isso, se fosse para classificá-la, acho daria de duas estrelinhas e meia a três estrelinhas.
Bom pessoal, por hoje é isso. Eu não irei fazer minhas sessões de PS porque tudo o que tinha a dizer sobre Hwarang já foi dito. Espero que vocês tenham gostado e caso tenham alguma crítica, comentário ou sugestão para fazer fiquem a vontade.